Mar & Alma

Reflexões Artísticas da Galeria Cerulean: Primeiros Ecos

A exposição

Introdução

A Galeria Cerulean tem o prazer de apresentar “Mar e Alma: Reflexões Artísticas – Primeiros Ecos”, a primeira de uma série de exposições virtuais no Museu Marítimo EXEA. Nesta mostra inicial, exploramos a profunda conexão entre o ser humano e o ambiente marítimo, retratada através de diversas perspectivas artísticas. As obras selecionadas evocam tanto a serenidade quanto a vastidão do mar e dos rios, revelando histórias íntimas e universais que refletem nosso relacionamento contínuo com essas águas.

A exposição é uma jornada visual que percorre temas como a aventura, a introspecção e a natureza inconstante das águas. Cada obra foi cuidadosamente escolhida para representar diferentes aspectos dessa relação multifacetada, desde a tranquilidade das marés calmas até a potência das tempestades, e do fluxo sereno dos rios até sua força vital. Representações do Rio Escalda, com barcos a vela e navios a vapor, e cenas dos movimentados portos como o da Antuérpia, capturam momentos de interação humana com as águas, destacando tanto a atividade comercial quanto a simplicidade da pesca.

“Mar e Alma: Reflexões Artísticas” busca não apenas celebrar a beleza marítima, mas também fomentar uma maior conscientização sobre a preservação dos corpos d’água. A dualidade mar-rio é explorada para mostrar como ambos são essenciais para a nossa existência e cultura. Ao navegar por esta primeira sessão da exposição, esperamos que você se sinta inspirado a refletir sobre seu próprio vínculo com o oceano e os rios, e sobre como essas águas moldam nossas vidas, alimentam nossas almas e exigem nossa proteção para as gerações futuras.

Mar & alma: primeiros ecos

As obras

Casier, em sua obra "Pescadores", nos transporta para uma cena de tranquilidade e introspecção em meio ao vasto e sereno mar. Este desenho, realizado com caneta em sépia colorida e aquarela, capta a essência da vida marítima em um momento de pausa, onde três pescadores, figuras centrais da composição, se encontram em um mar aparentemente calmo.

Pescadores

Casier (1985)

À beira do rio Escalda, em meio à crescente cidade de Antuérpia, erguia-se a majestosa Abadia de São Miguel, um marco espiritual e arquitetônico que, por séculos, foi testemunha silenciosa das águas que corriam a seus pés. A gravura "Abbatia St. Michaelis Antverpia", de Johann Heinrich Schawberg, captura essa cena histórica, onde o rio, com seus barcos à vela, e a abadia se entrelaçam em um símbolo de poder e permanência.

Abbatia St. Michaelis Antverpia

Johann Heinrich Schawberg (1737)

Nesta pintura a óleo, o artista nos conduz a um cenário onde a serenidade do rio contrasta com a inquietação do céu, um encontro dramático entre a força da natureza e a fragilidade das embarcações que navegam nas águas escuras. As pinceladas vigorosas de Cockx trazem vida ao turbilhão de nuvens, enquanto os barcos parecem pequenos e vulneráveis diante da iminente tempestade.

Barcos no Escalda Sob um Céu Tempestuoso

Jan Cockx (1912)

A gravura "Porto" nos transporta para as margens de um rio, onde um porto movimentado e vibrante se ergue em contraste com as águas calmas.

Porto

 (autor desconhecido)

A gravura "Veleiros e Navio a Vapor no Escalda", de Henri Seghers, é uma obra que captura a coexistência de dois mundos distintos: o tradicional e o moderno. Em tons suaves, Seghers retrata veleiros deslizantes sobre águas serenas do rio Escalda, contrastando com as torres industriais ao fundo, de onde se eleva a fumaça, insinuando o início de uma nova era.

Veleiros e Navio a Vapor no Escalda

Henri Seghers (1848 – 1919)

Mar & Alma

Barcos no Escalda Sob um Céu Tempestuoso

Jan Cockx (1891 – 1976),
Óleo sobre tela

1912

a obra

Imagine-se às margens do Rio Escalda, sentindo o vento frio cortando o ar, enquanto observa o céu carregado que ameaça desabar sobre as águas agitadas. Jan Cockx captura esse momento de tensão e beleza natural em sua obra “Barcos no Escalda Sob um Céu Tempestuoso”.

Nesta pintura a óleo, o artista nos conduz a um cenário onde a serenidade do rio contrasta com a inquietação do céu, um encontro dramático entre a força da natureza e a fragilidade das embarcações que navegam nas águas escuras. As pinceladas vigorosas de Cockx trazem vida ao turbilhão de nuvens, enquanto os barcos parecem pequenos e vulneráveis diante da iminente tempestade.

Mais do que uma simples paisagem, a obra nos convida a refletir sobre a relação entre o homem e o mar, a constante batalha entre a sobrevivência e a indomável força da natureza. É um convite para mergulhar na narrativa visual que, ao mesmo tempo que assombra, fascina pela sua imponência e pelo modo como captura a essência da vida nas águas do Escalda.

Mar & Alma

Abbatia St. Michaelis Antverpia

Johann Heinrich Schawberg (1737),
Gravura original em talho-doce em cobre

1737

a obra

À beira do rio Escalda, em meio à crescente cidade de Antuérpia (Bélgica), erguia-se a majestosa Abadia de São Miguel, um marco espiritual e arquitetônico que, por séculos, foi testemunha silenciosa das águas que corriam a seus pés. A gravura “Abbatia St. Michaelis Antverpia”, de Johann Heinrich Schawberg, captura essa cena histórica, onde o rio, com seus barcos à vela, e a abadia se entrelaçam em um símbolo de poder e permanência.

Fundada em 1124 por Norberto de Xanten, a Abadia de São Miguel não apenas dominava a paisagem de Antuérpia, mas também desempenhava um papel crucial no desenvolvimento da cidade. A sua localização estratégica, próxima ao Escalda, permitiu à abadia controlar vastas áreas ao redor, influenciando a vida econômica e territorial da região. A proximidade com o rio não apenas facilitou o acesso às rotas comerciais, com os barcos à vela navegando em suas águas, mas também reforçou a importância da abadia como um centro de poder e espiritualidade.

Na gravura de Schawberg, o rio Escalda aparece ao fundo, sereno, com barcos à vela ao longe, em contraste com a complexidade e imponência da abadia em primeiro plano. Este detalhe sutil nos lembra do papel vital que o rio desempenhou na história de Antuérpia, não só como uma via de comércio, mas também como um cenário para a ascensão e queda de grandes monumentos como a Abadia de São Miguel.

Mesmo após sua destruição parcial pelo exército francês em 1796, e a posterior demolição dos seus edifícios em 1831, a memória da abadia persiste. A adaptação da torre para uma estação de telégrafo semafórico em 1807 é um símbolo das contínuas mudanças que as águas do Escalda, com seus barcos a velejar, testemunharam ao longo dos séculos.

Esta obra, portanto, não é apenas uma representação detalhada de um edifício histórico, mas um reflexo do eterno diálogo entre o homem, a terra e o mar. A gravura nos convida a considerar como a proximidade com o rio Escalda, repleto de barcos à vela, moldou não só a abadia, mas também a cidade de Antuérpia e seu desenvolvimento ao longo dos séculos. Assim, a Abadia de São Miguel, como o próprio Escalda, continua a fluir pela história, preservada na arte de Schawberg.

Mar & Alma

Pescadores

Casier (1985), Desenho a caneta em sépia colorida com aquarela sobre papel

1985

a obra

Casier, em sua obra “Pescadores”, nos transporta para uma cena de tranquilidade e introspecção em meio ao vasto e sereno mar. Este desenho, realizado com caneta em sépia colorida e aquarela, capta a essência da vida marítima em um momento de pausa, onde três pescadores, figuras centrais da composição, se encontram em um mar aparentemente calmo.

O artista utiliza tons suaves de marrom e azul claro, criando uma harmonia entre o céu e o mar que envolve os pescadores. Um deles está em um barco à vela, cuja forma parece se fundir com as águas, enquanto os outros dois permanecem em um barquinho, em completa comunhão com o ambiente ao seu redor. A serenidade das águas e a ausência de qualquer movimento brusco transmitem uma sensação de paz, como se o tempo estivesse suspenso, permitindo aos pescadores e ao observador um raro momento de contemplação.

Nesta obra, Casier não apenas retrata uma cena do cotidiano dos pescadores, mas também explora a relação íntima entre o homem e o mar. A simplicidade da composição e o uso econômico de cores destacam a quietude do momento, convidando o espectador a se perder na vastidão do horizonte e a refletir sobre a simplicidade e a beleza da vida junto ao mar.

“Pescadores” é uma celebração da tranquilidade e da conexão profunda entre o homem e a natureza, uma obra que nos convida a apreciar a serenidade que só o mar pode proporcionar.

Mar & Alma

Porto

Gravura sobre papel (autor desconhecido)

a obra

A gravura “Porto” nos transporta para as margens de um rio, onde um porto movimentado e vibrante se ergue em contraste com as águas calmas. A obra captura a essência da vida industrial à beira do rio, utilizando traços detalhados e rápidos que revelam a energia frenética do porto em plena atividade. Altas chaminés dominam o horizonte, liberando espirais de fumaça que se elevam ao céu, criando uma paisagem onde o ar parece pulsar com o ritmo do trabalho.

Às margens do rio, um barco está ancorado, silencioso, observando de perto a efervescência do porto. Esse detalhe adiciona uma camada de serenidade à cena, contrastando com o movimento constante do ambiente industrial ao redor. O barco parece ser uma testemunha muda do intenso fluxo de mercadorias e do incessante vai e vem das embarcações.

Apesar de sua autoria ser desconhecida, a gravura demonstra um domínio notável da técnica, onde o jogo entre o escuro e o claro remete a uma imagem em preto e branco, como se a própria gravura fosse feita da fumaça que emana das chaminés. Há uma textura granulada no ar, uma sensação palpável de densidade, que confere à obra uma qualidade quase etérea, como se estivéssemos observando o porto através de uma névoa de carvão e vapor.

Essa obra não é apenas uma representação de um porto, mas uma reflexão sobre o impacto da industrialização e a coexistência entre a natureza e o progresso humano. O rio, que corre serenamente em primeiro plano, contrasta com a força implacável da atividade industrial, criando uma tensão visual que nos faz pensar sobre a dualidade entre a tranquilidade da natureza e a incessante marcha do progresso.

“Porto” é, portanto, uma gravura que captura o espírito de uma era, onde o poder da indústria e a serenidade da natureza se encontram em um equilíbrio delicado, retratado com maestria pela mão de um artista cujo nome, embora desconhecido, ressoa na força expressiva da obra.

Mar & Alma

Veleiros e Navio a Vapor no Escalda

Henri Seghers (1848 – 1919), Gravura com ponta seca sobre papel

a obra

A gravura “Veleiros e Navio a Vapor no Escalda”, de Henri Seghers, é uma obra que captura a coexistência de dois mundos distintos: o tradicional e o moderno. Em tons suaves, Seghers retrata veleiros deslizantes sobre águas serenas do rio Escalda, contrastando com as torres industriais ao fundo, de onde se eleva a fumaça, insinuando o início de uma nova era. Esse detalhe sutil das chaminés fumegantes, apesar do céu claro, simboliza o impacto crescente da industrialização, mesmo em um cenário aparentemente calmo e natural.

Ao fundo, vemos as sombras de outros veleiros, sugerindo que a tranquilidade não é apenas uma imagem à parte, mas uma característica predominante desse trecho do rio. No primeiro plano, homens remam um barco próximo aos veleiros, reforçando o papel ainda fundamental do trabalho manual e da navegação a remo, que coexistem com as mudanças tecnológicas, como o navio a vapor ao fundo.

A obra revela a transição do século XIX, onde os barcos à vela, símbolos de uma era de comércio e viagens lentas, começam a dividir espaço com a chegada das embarcações a vapor, que revolucionariam o transporte e o comércio. Seghers, com sua técnica refinada de ponta seca, captura essa cena com uma sensibilidade marcante, criando um equilíbrio entre o velho e o novo, entre a tranquilidade das águas e o surgimento do progresso.

 

Com sombras e luzes habilmente colocadas, a gravura parece suspensa entre dois tempos: o das velas que ainda dominam o horizonte e o do vapor que lentamente anuncia seu domínio. As embarcações à vela e o navio a vapor, embora diferentes, partilham o mesmo cenário e fluem juntos nas águas calmas do Escalda, como uma metáfora visual para as inevitáveis mudanças que moldariam o futuro.

Créditos

Exposição Virtual / Mar e Alma: Reflexões Artísticas da Galeria Cerulean - Primeiros Ecos

Texto e Curadoria

Luan Jeremias Fonseca e Silva e Martin Daniels
Galeria Cerulean Arte & Design / Brasil

Obras

Pertencentes à Galeria Cerulean Arte & Design / Brasil, parceira do Museu Marítimo EXEA. Todos os direitos reservados.

Diagramação

Ticiano Alves
Coordenador de Exposições / Designer
Museu Marítimo EXEA

Revisão da Exposição

Leandro Vilar
Diretor Geral
Museu Marítimo EXEA

Raphaella Belmont Alves
Diretora Executiva | Revisora ortográfica
Museu Marítimo EXEA

Camila Rios
Diretora Técnica | Museóloga
Museu Marítimo EXEA

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