Introdução
Por Historiador George Henrique
Imagine-se na seguinte situação: você é tripulante de um navio, que viaja pelo mundo transportando mercadorias, embarcando e desembarcando passageiros. De repente, após chegar em um porto distante, em uma pequena vila, de clima quente e sufocante, bem diferente de sua terra, com gente de hábitos e costumes estranhos ao seu, é impedido pelas autoridades locais de zarpar com seu navio de volta para seu país, ficando anos preso no lugar, no mesmo porto, diante uma rotina tediosa…um verdadeiro pesadelo, não é?
Parece roteiro de um filme de ficção, mas foi exatamente isso que ocorreu com os tripulantes alemães dos vapores “Minnenburg”, “Salamanca” e “Persia” no ano de 1914, há quase 110 anos. Esta é apenas uma parte de sua História. Mas o destino dos tripulantes alemães e seus navios não pode ser explicado apenas pelos fatos em si, nas narrativas dos jornais da Paraiba, de Pernambuco e do Rio de Janeiro: é preciso ir além. Porque ali estavam? De onde vieram, o que faziam e para onde iam? E mais: o que eles fizeram durante todo esse tempo para superar a solidão, o tédio e a saudade da Vaterland?
Ao leitor e a leitora, cabe em primeiro lugar, explicar o porquê de os alemães estarem ali, no cais da Vila de Cabedelo, um pequeno povoado da costa Nordeste do Brasil, que no início do século passado, possuía uma população pequena. Ao mesmo tempo, seu cais (trapiche ou molhe) era um lugar de grande importância para a economia local, porta de entrada do mundo exterior e de exportação e importação dos produtos tão necessários à economia do estado da Paraíba. Eis os fatos.