EXPOSIÇÃO VIRTUAL
Povos do Sal
Fotos e versos por ahcravo gorim – António José Cravo | Introdução por Gilda Saraiva
Fotos e versos por ahcravo gorim – António José Cravo | Introdução por Gilda Saraiva
Mais uma exposição de ahcravo gorim (António José Cravo). Nesta será apresentada, através de fotografias e versos, a recolha do sal na Figueira da Foz / Portugal pelos marronteiros. Nas palavras de Gilda Saraiva, que assina o texto introdutório: “Os marronteiros são os guardiões destas paisagens de sal da Figueira da Foz.”
As primeiras referências à produção de sal marinho da Figueira da Foz, até agora conhecidas datam do início do século XI, reportando-se a salinas localizadas em Tavarede. Presentemente existem perto de quarenta salinas ativas localizadas no Estuário do Mondego. O sal marinho da Figueira da Foz é inteiramente recolhido à mão, segundo técnicas ancestrais que têm perdurado até à atualidade.
O saber fazer do marronteiro (termo local para definir marnoto) é tecnicamente bastante complexo, obedecendo a um conjunto de etapas e técnicas que são variáveis, pois resultam da conjugação do trabalho do marronteiro, que utiliza os recursos naturais como a ação das marés, o sol, o vento e as caraterísticas dos terrenos onde as salinas estão implementadas, de forma otimizada e sustentável.
A transmissão deste conhecimento é passada de geração em geração, sendo necessários alguns anos de prática acompanhada até se formar um marronteiro e o mesmo ficar apto para “governar a marinha”, assumir a gestão autónoma da salina.
Nas salinas, ou marinhas, na designação local da Figueira da Foz, o processo para a produção de sal inicia no mês de maio com a limpeza das marinhas, processo esse que demora cerca de um mês. Finalizando esta etapa o marronteiro encaminha a água do mar de uns compartimentos para os outros sempre por gravidade onde a profundidade e o tamanho dos mesmos vai diminuindo, a água ganha temperatura e mais salinidade, atingindo a cristalização nos compartimentos mais pequenos que têm por nome “talhos”, a este processo chama-se “moirar”.
Nas marinhas não existem tempos certos, tudo depende do clima e se o mesmo for favorável as reduras (recolhas do sal) serão feitas entre os meses de julho a setembro. A redura (colheita do sal) é feita nas praias de sal (conjunto de talhos) pelos marronteiros, através de “ugalhos” (alfaias em madeira semelhantes a um rodo), este processo consiste em diferentes práticas:
Uma rotina diária do marronteiro que consiste em “mexer as águas”, com recurso ao “ugalho de mexer”, que é mais estreito e comprido do que os restantes ugalhos (rer, achegar).
A técnica de mexer requer um movimento caminhando na água próximo das “marachas” (divisórias que dividem os talhos, em madeira ou em argila), movimentando-a com o ugalho, criando uma pequena ondulação, suficientemente forte para “quebrar o laço” (películas de sal) e favorecer a evaporação.
Operação feita através de um “ugalho de achegar”, onde o marronteiro junta todo o sal num cordão ao longo do eixo maior do talho, processo feito cuidadosamente evitando trazer argila incorporada.
Consiste em puxar o sal com um “ugalho de rer” que posteriormente foi “achegado” em cordão, até formar uma pilha “rasa” (monte de sal) que ficará depositada na “silha” durante um a dois dias até ser transportada para o armazém
Operação feita com o “ugalho de rer” que consiste em embelezar a rasa de sal de forma ao monte de sal mais pontiagudo.
Após várias reduras as águas ficam demasiado concentradas em magnésio, diminuindo a produção de sal, assim é necessário retirar estas águas-mães através de um ugalho.
Poemas e fotografias
António José Cravo
Fotógrafo / Portugal
Introdução
Gilda Saraiva
Arquiteta de formação, professora de música, flautista, técnica do Núcleo Museológico do Sal, Marronteira e apaixonada pelo salgado da Figueira da Foz.
Diagramação
Ticiano Alves
Diretor Geral
Museu Marítimo EXEA
Revisão da Exposição
Leandro Vilar
Coordenador de Exposições
Museu Marítimo EXEA
Camila Rios
Diretora Técnica
Museu Marítimo EXEA
Rebeca Garcia
Museóloga
Museu Marítimo EXEA
Raphaella Belmont Alves
Diretora Executiva | Revisora ortográfica
Museu Marítimo EXEA
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