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Por ahcravo gorim – António José Cravo | Sessão II
aqui nascipor entre redescaixas de peixesorvendo maresia
para o maro meu primeiro olhardas ondaso meu primeiro embalo
na areia caminhocomo se terrana companhacomo se homem
aqui me farei mulherterei meu homem e filhossalgados todosde tanto mar
de novo o barco se faz ao marsempre na busca do pão
entre gritos de alegria e medobraços abertos avança
as águas abrem-se para o recebera mãe não nega o filhoantes resiste e cede
a cena repete-seo homem da máquina estava lá
um dia ambos desaparecerãoficará só o mar
é esta a teiatecida por mãos ásperaso cercod`aqui vem o pão feito peixeaqui começa a nascer a esperança
meu nome é boinosso nome é junta
puxamos barcos e carroscarregamos peixe e redes
carne e músculos tensosolhos desmesuradamente grandesmansos até ao inadmissível
juntossomos força somos juntasomos bois
sozinhosno talho no mercadoesquartejados em carne vivasomos vaca
boi é e não é
como são férteis estes diasrepartidos entre mar e areiafaina e repouso
apetece-me cantarlançar ao maras mágoas que as arcasno inverno guardaram
venham barcoshomens redes boisvenham ondas ventovenha peixe se o houver
hoje estou felizvou correr na areiaencharcar-me de mar
sempre prontaa não partirpara vê-los voltar
aqui estou na escola
já ajudei nas redesescolhi peixeencharquei-me até aos ossos
no mar a vida é duranão há tempo para ser criança
o meu espaço de brincartem chão de areiamuros de mar
adormeçono embalo do tintoaquecido ao rubro do mar
feito desta massa de mar e areiaonde as ondas quebramo sonho de partirpara voltare não precisar de ir
por mais que olhe o horizontenada mais vejo que o meu rosto
preso nas redesagarrado aos remosa largar a corda
o meu presenteserá o meu futuroo passado neles reflectido
(poema do barco)
é de água a minha terraterra o meu fim
carcaçadescansarei um diana imensidão da areia
com o tempodesfeitoserei levado pelas marésou queimado na fogueira
entre água terra fogome cumpro
ser barcoé ter sido para voltar a ser
trago no rostomemórias que o mar rasgoufundas de haver uma estórialinhas escritas com tinta de ventoe palavras de raiva
trago no rostoa minha alma triste deste viverolhos comidos pelo tempotantas lágrimas sofridastantas vidas vividas
trago no rostouma máscara que não podemarrancar
trago no rostoo mar
simsou a mulher delea que lhe lava a roupa rija de sallhe cria os filhoslhe gere as parcas finanças
simsou a mulher delea que também vai ao marbuscar sustento
simsou a mulher delea que espera na areiaa que grita ao ventoa que chora se
simsou a mulher delea que lhe faz a sopa a camanão o ouve chegaro chama para o mar
Poemas e fotografias
António José CravoFotógrafo / Portugal
Diagramação
Ticiano AlvesDiretor GeralMuseu Marítimo EXEA
Revisão da Exposição
Leandro VilarCoordenador de ExposiçõesMuseu Marítimo EXEA
Rebeca GarciaMuseólogaMuseu Marítimo EXEA
Raphaella Belmont AlvesDiretora Executiva | Revisora ortográficaMuseu Marítimo EXEA
E-mail
contato@museuexea.org
Avenida Governador Argemiro de Figueiredo, 200 - Jardim Oceania, João Pessoa/PB - Caixa Postal 192