EXPOSIÇÃO VIRTUAL
Xávega: Ir ao Mar
Por ahcravo gorim – António José Cravo
Por ahcravo gorim – António José Cravo
A exposição “Xávega: Ir ao mar” apresenta o trabalho de ahcravo gorim, que documenta a arte da pesca da xávega em mais uma exposição no Museu EXEA. A mostra leva o público a uma viagem com foco na figura do Arrais de mar e seu papel fundamental na leitura do mar e na segurança da equipe. A exposição destaca os perigos da pesca da xávega, especialmente o momento do “arribar”, quando o barco volta à praia. Através de fotografias “Xávega: Ir ao mar” é um convite a conhecer um pouco mais da tradição dessa arte de pesca.
Em tempos idos antes de o sol nascer o Arrais de mar subia à duna da praia para ouvir a rebentação, com o nascer do sol começava a “ler o mar”.
Em certas praias o declive da costa não é constante, ao fim de alguns metros forma-se um cabeço (os pescadores chamam-lhe “cabeça”) e depois começa novo declive. A zona entre a praia e o cabeço designam por “lago”.
Quando o Arrais lê o mar, faz uma leitura para a praia, para o cabeço e para o largo. Só depois decide se estão reunidas condições para “ir ao mar” e chamar os camaradas da companha, para o primeiro lanço.
Um olhar sem a experiência de Arrais pode, do alto da duna, ver um “mar bom”, que se torna num “mar mau” quando visto ao nível da beira mar. Mas também aí o Arrais irá se dúvidas tiver.
Como um estátua virada ao mar o Arrais lê atentamente e conta. O período das vagas pode ser entendido como uma série de vagas sucessivas a que segue um breve intervalo (liso) e nova série, e assim sucessivamente. O liso é tanto maior quanto menor o período – o ideal é um período de três vagas e uma ondulação até 1,20m. Com períodos de valor igual ou superior a nove, só se a ondulação for muito baixa – sempre na praia e ao largo.
O barco deve fazer-se ao mar durante o “liso” e na perpendicular à praia. Como a corrente dominante na costa ocidental portuguesa é de Norte há que, enquanto o barco não flutua e pode recorrer aos seus meios próprios de propulsão – remos antigamente, motor na actualidade – “fixá-lo” bem para que não “dar de crena” – ficar paralelo à costa e receber as vagas no bordo e não na bica da proa. Os “fixes”, em tempo antigo eram quatro : o reçoeiro, amarrado à bica da ré, a regeira fixa ao golfião de estibordo da proa e outra ao golfião de bombordo e a muleta que se apoiava numa peça metálica ou de madeira fixa na roda da ré. Hoje em dia há acessórios diversos usados pelo tractor que fazem o fixe do barco e o libertam no momento apropriado.
Quando o mar estava de feição o Arrais de mar, gritava/grita “bota!” e o barco fazia-se ao mar.
Podendo parecer este o momento mais perigoso, pela espectacularidade, de uma ida ao mar é no entanto no “arribar” que está o grande perigo e se vêem os grandes Arrais.
Notas:
Texto e Fotografias
ahcravo gorim (António José Cravo)
Fotógrafo / Portugal
Diagramação
Ticiano Alves
Coordenador de Exposições / Designer
Museu Marítimo EXEA
Revisão da Exposição
Leandro Vilar
Diretor Geral
Museu Marítimo EXEA
Rebeca Garcia
Museóloga
Museu Marítimo EXEA
Raphaella Belmont Alves
Diretora Executiva | Revisora ortográfica
Museu Marítimo EXEA
Camila Rios
Diretora Técnica | Museóloga
Museu Marítimo EXEA
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