Embora os vikings sejam lembrados como exímios navegantes, curiosamente sua divindade marítima principal não tinha destaque na mitologia, além de que praticamente nada se sabe como eram os ritos e cultos a ele dedicado.
As origens de Njörd são desconhecidas, ele é apenas dito ser um deus pertencente ao Clã dos Vanes, advindo de Vanaheim. Sendo pai dos gêmeos Freyr e Freyja. Seus dois filhos eram divindades até mais importantes que ele, sendo bastante cultuados por conta de sua ligação com a natureza e a fertilidade, mas até mesmo estavam associados com a guerra nos mitos.
No entanto, se desconhece quem seria a mãe de ambos, já que nenhum mito conhecido revela o nome dela. Dessa forma, quando Njörd mudou-se para Asgard após a guerra entre os Ases e Vanes, ele chegou na condição de viúvo ou solteiro. Porém, foi morando em Asgard, o reino dos deuses do Clã dos Ases, que Njörd veio a se casar novamente, desta vez despojando a giganta Skädi por um engano dela. Pois ela tinha a pretensão de casar-se com Balder, mas acabou sendo enganada pelos deuses num joguete de advinha, em que ela deveria adivinhar seu pretendente observando os seus pés. Ela escolheu o deus de pés mais belos, achando que era Balder, mas na verdade era Njörd. Assim, ambos se casaram.
O casamento de ambos durou certo tempo, apesar dos mitos não dizerem quanto tempo ele perdurou exatamente. Todavia, durante nove noites Njörd vivia na casa da esposa, o salão Trymheim (“reino barulhento”), localizado em uma montanha, mas ele não gostava da paisagem e nem do clima. Por sua vez, Skädi acompanhava por nove noites o marido até o lar dele, o salão Noátun (“enseada dos barcos”), situado diante do mar. Entretanto, a giganta não gostava da paisagem e nem do clima. O casal acabou se separando com o tempo por não concordarem com aquelas mudanças corriqueiras.
Njörd é um deus coadjuvante na mitologia nórdica, não havendo mitos conhecidos que lhe concedam o protagonismo. Em geral ele aparece reunido aos outros deuses diante de momentos de tensão e discórdia, como a guerra entre os Ases e Vanes, culminando num tratado de paz realizado por Kvasir, levando Njörd e os filhos a se mudarem para Asgard; a vingança de Skädi pela morte de seu pai, levando ao casamento dela com o deus do mar; a discórdia gerada por Loki durante o banquete do gigante Aegir, em que Njörd, Skädi, Freyr e Freyja foram insultados; o funeral de Balder. Além disso, o deus é citado em outras breves ocasiões, inclusive nem se sabe que fim ele levou durante o Ragnarök, apesar que seu filho Freyr esteja entre os deuses que acabam morrendo.
No quesito religioso, praticamente nada sabemos como isso era feito. O poeta e escritor Snorri Sturluson (1179-1241) escreveu que Njörd receberia o culto de pescadores, navegadores e marinheiros, que solicitavam sua intervenção para pedir uma boa pescaria e viagem marítima, mas ele não explicou nada a respeito. No quesito arqueológico se desconhece a existência de templos, locais e artefatos religiosos a ele dedicado.
Referências bibliográficas:
LANGER, Johnni. Njord. In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, p. 333-336.
SIMEK, Rudolf. Dictionary of Northern Mythology. Translated by Angela Hill. 4th reprinted (2007). Cambridge: D. S. Brewer, 1993.