Njörd: o deus nórdico do mar

Embora os vikings sejam lembrados como exímios navegantes, curiosamente sua divindade marítima principal não tinha destaque na mitologia, além de que praticamente nada se sabe como eram os ritos e cultos a ele dedicado.

As origens de Njörd são desconhecidas, ele é apenas dito ser um deus pertencente ao Clã dos Vanes, advindo de Vanaheim. Sendo pai dos gêmeos Freyr e Freyja. Seus dois filhos eram divindades até mais importantes que ele, sendo bastante cultuados por conta de sua ligação com a natureza e a fertilidade, mas até mesmo estavam associados com a guerra nos mitos.

No entanto, se desconhece quem seria a mãe de ambos, já que nenhum mito conhecido revela o nome dela. Dessa forma, quando Njörd mudou-se para Asgard após a guerra entre os Ases e Vanes, ele chegou na condição de viúvo ou solteiro. Porém, foi morando em Asgard, o reino dos deuses do Clã dos Ases, que Njörd veio a se casar novamente, desta vez despojando a giganta Skädi por um engano dela. Pois ela tinha a pretensão de casar-se com Balder, mas acabou sendo enganada pelos deuses num joguete de advinha, em que ela deveria adivinhar seu pretendente observando os seus pés. Ela escolheu o deus de pés mais belos, achando que era Balder, mas na verdade era Njörd. Assim, ambos se casaram.

O casamento de ambos durou certo tempo, apesar dos mitos não dizerem quanto tempo ele perdurou exatamente. Todavia, durante nove noites Njörd vivia na casa da esposa, o salão Trymheim (“reino barulhento”), localizado em uma montanha, mas ele não gostava da paisagem e nem do clima. Por sua vez, Skädi acompanhava por nove noites o marido até o lar dele, o salão Noátun (“enseada dos barcos”), situado diante do mar. Entretanto, a giganta não gostava da paisagem e nem do clima. O casal acabou se separando com o tempo por não concordarem com aquelas mudanças corriqueiras.

Njörd com saudade do mar. Ilustração de W. G. Collingwood, 1908.

Njörd é um deus coadjuvante na mitologia nórdica, não havendo mitos conhecidos que lhe concedam o protagonismo. Em geral ele aparece reunido aos outros deuses diante de momentos de tensão e discórdia, como a guerra entre os Ases e Vanes, culminando num tratado de paz realizado por Kvasir, levando Njörd e os filhos a se mudarem para Asgard; a vingança de Skädi pela morte de seu pai, levando ao casamento dela com o deus do mar; a discórdia gerada por Loki durante o banquete do gigante Aegir, em que Njörd, Skädi, Freyr e Freyja foram insultados; o funeral de Balder. Além disso, o deus é citado em outras breves ocasiões, inclusive nem se sabe que fim ele levou durante o Ragnarök, apesar que seu filho Freyr esteja entre os deuses que acabam morrendo.

No quesito religioso, praticamente nada sabemos como isso era feito. O poeta e escritor Snorri Sturluson (1179-1241) escreveu que Njörd receberia o culto de pescadores, navegadores e marinheiros, que solicitavam sua intervenção para pedir uma boa pescaria e viagem marítima, mas ele não explicou nada a respeito. No quesito arqueológico se desconhece a existência de templos, locais e artefatos religiosos a ele dedicado.

Referências bibliográficas:

LANGER, Johnni. Njord. In: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, p. 333-336.

SIMEK, Rudolf. Dictionary of Northern Mythology. Translated by Angela Hill. 4th reprinted (2007). Cambridge: D. S. Brewer, 1993.

Leandro Vilar
Leandro Vilar

Sou historiador, professor, escritor, poeta e blogueiro. Membro do Museu Virtual Marítimo EXEA, membro do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE).

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