Van Gogh e o mar

Em 30 de março de 2023 celebra-se 170 anos do nascimento do renomado pintor holandês Vincent Van Gogh (1853-1890), o qual teve uma carreira meteórica, apesar de produtiva, ele sofria com problemas de saúde e psicológicos como depressão, ansiedade, alcoolismo e tabagismo, levando a ter que se internar algumas vezes para se tratar.

Em 30 de março de 2023 celebra-se 170 anos do nascimento do renomado pintor holandês Vincent Van Gogh (1853-1890), o qual teve uma carreira meteórica, apesar de produtiva, ele sofria com problemas de saúde e psicológicos como depressão, ansiedade, alcoolismo e tabagismo, levando a ter que se internar algumas vezes para se tratar. Apesar desses agravantes, isso não o impediu de pintar e desenhar, condição essa que em nove anos ele pintou mais de 860 quadros.

Todavia, a arte de Van Gogh é principalmente lembrada por temáticas envolvendo paisagens campestres e urbanas, retratos, natureza-morta e cenas de cômodos. Entretanto, em sua vasta produção, Van Gogh dedicou alguns poucos quadros a temática marítima. Seus primeiros quadros a respeito são pouco conhecidos, tratando-se de pinturas de pescadores e da praia de Scheveningen, em Haia, na Holanda, feitos em 1882. Cujas obras não enfatizam o mar, e consistem em pinturas pálidas.

No entanto, seu interesse para pintar o mar somente surgiu alguns anos depois. A partir de 1886, Vincent e o irmão Theo se mudaram de vez para Paris, Vincent passaria o resto da vida morando na França. Em 1888 os problemas de saúde relacionados ao alcoolismo e o tabagismo pioraram, então por recomendação médica, Van Gogh foi buscar um lugar com “bons ares” para tratar as suas crises de tosse. Ele escolheu Arles, uma pequena cidade portuária no sul do país, onde viveu por dois anos, e foi bastante produtivo ali.

Perto de Arles fica outra cidade portuária de nome Saintes-Maries-de-la-Mer (Santa Maria do Mar), cuja paisagem costeira encantou o já doente pintor holandês, na época com seus 35 anos de idade. Naquela cidade, Van Gogh pintou alguns quadros, incluindo quatro pinturas de temática marítima, sendo as mais famosas que ele fez.

Em cartas trocadas com seu irmão Theo, Van Gogh comentou seu entusiasmo em pintar aquela paisagem marítima, já que ele tinha pretensão de fazer algo do tipo já há alguns anos, mas não tinha encontrado o local certo. Sobre isso, ele escreveu que ficou fascinado com as mudanças de tons que o mar e o céu em Saintes-Maries assumiam ao longo do dia.

Van Gogh não voltaria a pintar o mar novamente, embora talvez tivesse pretensões para isso, já que ele seguia vivendo à costa do Mediterrâneo. No entanto, sua saúde piorou em 1889, levando-o inclusive cortar um pedaço de uma das orelhas, o que o fez decidir se internar no hospício de Saint-Paul-de-Mausole, na cidade de Sainte-Rémy a alguns quilômetros de Arles.

Ali ele permaneceu os meses seguintes internado para se recuperar de seu surto. Enquanto isso, ele seguia fazendo pinturas e desenhos baseados no ambiente do hospício, nos funcionários e pacientes e na paisagem ao redor. Van Gogh ainda seguiu se correspondendo com o irmão Theo e alguns amigos, porém, a depressão não havia sido curada e foi se agravando de forma silenciosa. Em 1890 ele saiu do hospício e mudou-se com o irmão para a pequena cidade de Auvers-sur-Oise, onde naquele ano tentou cometer suicídio, atirando no peito, embora não morreu de imediato, mas faleceu por conta do ferimento, no dia seguinte.

Referências:

BEAUJEAN, D. Van Gogh: Life and Work. Cologne: Konemann, 2000.

CALLOW, Philip. Vincent Van Gogh: A Life. [s.l]: Ivan R. Dee, 1990.

Leandro Vilar
Leandro Vilar

Sou historiador, professor, escritor, poeta e blogueiro. Membro do Museu Virtual Marítimo EXEA, membro do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE).

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