Almirante Tamandaré e o Dia do Marinheiro (13 de dezembro)

Na data de 13 de dezembro é comemorado no Brasil, o Dia do Marinheiro, feriado proposto pelo almirante Alexandrino Faria de Alencar…

Na data de 13 de dezembro é comemorado no Brasil, o Dia do Marinheiro, feriado proposto pelo almirante Alexandrino Faria de Alencar (1848-1926), então Ministro da Marinha, através do Aviso 3.322 de 4 de setembro de 1925, o qual estipulava que o dia dessa celebração seria baseado na vida e carreira de Joaquim Marques Lisboa, conhecido como Almirante Tamandaré. Na época da criação do feriado nacional, o almirante que foi contemporâneo de Tamandaré, o escolheu por sua dedicação a Marinha, seu patriotismo e devoção aos ofícios do marinheiro.

Joaquim Marques Lisboa (1807-1897) nasceu na Vila de Rio Grande, na Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, sendo o sexto filho de portugueses imigrados. Seu pai Francisco Marques Lisboa serviu na Marinha, influenciando alguns de seus filhos a seguirem carreira militar no Exército e na Marinha, no caso, Joaquim decidiu seguir os passos do pai.

Em 1822 com 15 anos de idade, estourou as Guerras de Independência (1822-1825), impulsionado por um sentimento patriótico, Joaquim voluntariou-se como marinheiro para participar da guerra. Ele foi conduzido ao navio Niterói (Nictheroy na grafia original), uma fragata capitaneada por João Taylor, com destino à Bahia, uma das províncias rebeldes, a qual recusou-se em reconhecer a Independência do Brasil, mantendo-se fiel a coroa portuguesa. Mesmo jovem, Joaquim foi elogiado por sua disciplina e pró-atividade. Três anos depois ele foi nomeado segundo-tenente.

Tendo sido efetivado, Joaquim Marques Lisboa decidiu dedicar sua vida à Marinha e ao Império. Participou da luta contra várias revoltas como a Cabanagem (1835-1840), Sabinada (1837-1838), a Praieira (1848-1850), assim como, participou de novas batalhas, exercendo comando durante a Guerra do Uruguai (1864-1865) e a Guerra do Paraguai (1865-1870). Sua participação em batalhas e as vitórias conquistadas, lhe renderam a alcunha de o “Nelson Brasileiro”, uma comparação com o almirante britânico Horatio Nelson (1758-1805), conhecido por levar à vitória inglesa na famosa Batalha de Trafalgar (1805), na qual derrotou-se a esquadra de Napoleão Bonaparte.

Além de sua participação em conflitos, Lisboa foi nomeado Barão de Tamandaré em 1860, na época, ele já exercia o cargo de vice-almirante, aos 53 anos. Almirante Tamandaré optou por deixar os conflitos, passando a exercer cargos de comando e direção na burocracia da Marinha e participando de viagens e missões pelo Atlântico, chegando a visitar Portugal e Inglaterra. Para além de sua paixão pelo mar, Tamandaré era um patriota honrado, um monarquista leal e amigo de D. Pedro II. Fato esse, que em 1889, ele recusou apoiar a ala militar adepta do republicanismo, ficou decepcionado com o 15 de novembro, e foi se despedir do imperador e sua família. Em seguida ele pediu aposentadoria definitiva.

Tamandaré faleceu em 20 de março de 1897, aos 89 anos, em sua residência na Gávea, no Rio de Janeiro. Era conhecido como herói de guerra, símbolo patriótico, monarquista convicto até o fim da vida. Também era chamado por alguns amigos e familiares de o “velho marinheiro”, já que ele dedicou seis décadas a servir à Marinha e o país. Condição essa que em seu epitáfio ele exigiu que escrevessem:

“Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha Pátria e prestar algum serviço à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: Aqui jaz o Velho Marinheiro.”

No entanto, Tamandaré não apenas serviu de inspiração para o Dia do Marinheiro, ele também se tornou o Patrono da Marinha Brasileira e é reconhecido desde 2004 como um dos heróis do Brasil, tendo seu nome gravado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Referências

AMORA, Paulo. Vultos de dois regimes. Rio de Janeiro: Reper Editora, 1968. (Coleção Civismo Brasileiro).

COSTA, Didio. Tamandaré: Almirante Joaquim Marques Lisboa. 3a. ed. Rio de Janeiro, Imprensa Naval, 1946.

MAIA, João do Padro. Através da história naval brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936. (Coleção Brasiliana, série 5, vol. 69).

Leandro Vilar
Leandro Vilar

Sou historiador, professor, escritor, poeta e blogueiro. Membro do Museu Virtual Marítimo EXEA, membro do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE).

Artigos: 57
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