A ilha de Montecristo

Montecristo é uma pequena ilha italiana que ganhou bastante fama a partir do século XIX quando ela foi associada ao personagem do Conde de Monte Cristo, um milionário que compra título de nobreza, homem viajado, poliglota, de trejeitos educados, levemente petulante e esnobe, e de passado misterioso, é o protagonista da obra homônima escrita por Alexandre Dumas (1802-1870).

Montecristo é uma pequena ilha italiana que ganhou bastante fama a partir do século XIX quando ela foi associada ao personagem do Conde de Monte Cristo, um milionário que compra título de nobreza, homem viajado, poliglota, de trejeitos educados, levemente petulante e esnobe, e de passado misterioso, é o protagonista da obra homônima escrita por Alexandre Dumas (1802-1870).

Alexandre Dumas foi um renomado escritor e dramaturgo francês, o qual em 1844 tinha publicado Os Três Mosqueteiros, seu primeiro grande romance, que catapultou sua carreira. Ainda naquele ano, Dumas já trabalhava em outros romances, pois ele tinha o hábito de escrever vários livros no mesmo período, assim, ele lançou em formato de folhetim, O Conde de Monte Cristo, obra que apresentava a tragédia, a superação e a vingança do marinheiro Edmond Dantès, injustamente condenado a prisão do Castelo de If, onde permaneceu 14 anos preso.

A obra foi publicada em cinco partes entre 1844 e 1846, totalizando mais de mil páginas. De qualquer forma, na época alguns dos leitores perguntavam a Dumas se a tal ilha Montecristo era real ou ele a teria a inventado. A resposta é que ela realmente existe.

Montecristo é uma ilha pequena com um pouco mais de 10 km2, estando situada no Mar Trirreno, fazendo parte do arquipélago toscano, que inclui as ilhas de Gorgona, Capraia, Pianosa, Giglio, Gianutrri e Elba (a qual ficou famosa por ter servido de prisão para Napoleão Bonaparte em 1814-1815). Inclusive a prisão de Napoleão serve de plano de fundo histórico para esse romance, pois Dantès é falsamente acusado de ser um bonapartista que cooperava para os planos de fuga do imperador preso.

No romance, Dantès após escapar da prisão no Castelo de If onde permaneceu por quatorze anos, ele alguns meses depois viaja até a pequena ilha de Montecristo para encontrar um tesouro escondido que dataria de quase trezentos anos antes. Ao achar o tesouro dentro de uma câmara, ele se torna milionário, então passa a adotar outras identidades, incluindo a de conde de Monte Cristo e nove anos depois ele inicia sua vingança contra os homens que o condenaram injustamente.

Diferente do que Dumas mostra em seu livro, a ilha não possui câmaras secretas, e não era deserta, tendo sido constatemente habitada por séculos. Os etruscos já frequentavam aquela ilha nos tempos antigos indo extrair pedras. Os gregos a chamavam de Oglasa, por sua vez, os romanos passaram a ocupá-la, empreendendo diferentes atividades como a pedreiras para extrair granito, a criação de cabras e a pesca. Durante a Roma Antiga a ilha era conhecida como Monte Jovis, por conta de que no centro encontra-se uma colina com mais de 600 metros de altura. A ilha era dedicada a Júpiter ou Jove (Zeus na versão grega).

Montecristo somente recebeu esse nome durante a Idade Média, quando no século VI foi fundado o Mosteiro de São Mamiliano, dedicado a esse santo que supostamente teria vivido na ilha, numa caverna, e falecido ali no século V. Inclusive tempos depois surgiu a lenda de que os monges desse mosteiro teriam um tesouro escondido, algo que inclusive influenciou Dumas a escolher essa ilha para seu romance.

Os monges que viviam de forma isolada ali, renomearam a ilha como sendo o “monte de Cristo”, encurtando para Montecristo. Esse mosteiro ainda existe, embora esteja desativado. Os turistas costumam ir nele e até na Gruta de São Mamiliano, local onde o santo teria vivido no fim da vida. No entanto, no romance de Dumas não há menção a esses lugares.

Além desse mosteiro, a ilha também possuía uma pequena fortificação chamada de Fortaleza de Montecristo, uma estrutura militar construída no século XV para servir de proteção local e vigia daquelas águas que eram assoladas por piratas e corsários. A fortaleza foi construída pelos Appiano, uma rica família de nobres mercadores, os quais para assegurar seus negócios no Mar Trirreno, investiu na defesa do mesmo. Essa fortificação também não existe no livro Dumas. A fortaleza acabou sendo abandonada na Idade Moderna, restando poucas ruínas dela hoje em dia.

Atualmente a ilha paz parte administrativamente da comuna de Portoferraio, da província de Livorno. Poucas pessoas vivem na ilha, já que existe um povoado ali e até um pequeno museu. Desde os anos 1970 a ilha foi tornada reserva ambiental e passou a ser reflorestada, apesar de ser um processo lento ainda, pois a floresta nativa foi praticamente desmatada, condição essa que a ilha quando vista do céu parece ser um imenso rochedo em meio ao mar. O turismo para a ilha existe.

Referências:

PERIA, Gloria; FERRUZI, Silvestre. L’isola d’Elba e il culto di San Mamiliano. Portoferraio: [s.e], 2010.

ZECCHINI, Michelangelo. L’archeologia nell’Arcipalago Toscano. Pisa: Pacini, 1971.

Leandro Vilar
Leandro Vilar

Sou historiador, professor, escritor, poeta e blogueiro. Membro do Museu Virtual Marítimo EXEA, membro do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE).

Artigos: 56
plugins premium WordPress

E-mail

contato@museuexea.org

Endereço de Correspondência

Avenida Governador Argemiro de Figueiredo, 200 - Jardim Oceania, João Pessoa/PB - Caixa Postal 192