Amelia Earhart e o voo sobre o Atlântico

Amelia Earthart (1897-1937) foi uma aviadora e escritora estadunidense, além de ser feminista, inclusive lutando pelo direito de mulheres poderem fazer curso de pilotagem. Amelia conquistou vários recordes aéreos, porém, o mais importante foi sobrevoar o Atlântico dos Estados Unidos para a Europa.

Amelia começou a demonstrar interesse por pilotagem em 1919, quando ela e uma amiga assistiram uma exposição aérea em Toronto, no Canadá. Posteriormente Amelia entrou na Universidade de Columbia no intuito de cursar Medicina, mas meses depois notando que essa não era sua vocação, desistiu do curso em 1920. Mas no final daquele ano ela e seu pai voaram num pequeno avião em Long Beach. Foi naquele momento que Amelia decidiu se tornar aviadora.

Ela trabalhou em diferentes empregos para juntar dinheiro e no final de janeiro de 1921, conseguiu que a piloto Anita “Neta” Snook fosse sua instrutora. Na época era muito raro mulheres serem piloto, além disso, os homens não gostavam de ensinar mulheres, por isso Amelia recorreu a Anita. Dessa forma, ela se empenhou nas aulas de aviação pelos meses seguintes. Em 1922 comprou um pequeno avião usado e em 1923 ela tirou sua licença como piloto, emitida pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI).

Devido ao machismo da época, pilotos mulheres não tinham espaço na profissão, elas atuavam principalmente por conta própria, devido a isso, Amelia passou os anos seguintes realizando apenas voos testes e participando de quebra de alguns recordes, enquanto isso, ela trabalhava em outros ofícios ou vivia da herança da família, administrada por seus pais.

No ano de 1927 o aviador Charles Lindbergh (1902-1974) realizou o primeiro voo solo e sem escalas através do Atlântico. Seu feito foi bastante difundido pela imprensa americana e de alguns países europeus. Assim, uma socialite de nome Amy Phipps Guest promoveu um prêmio em 1928 para a primeira mulher a voar através do Oceano Atlântico.

Na época Amelia já era conhecida por seus artigos feministas e sobre aviação, Guest ligou para ela e lhe convidou para o desafio. Amelia Earhart aceitou, mas voou em companhia de um piloto veterano Wilmer Stultz e do mecânico Louis Gordon. O voo partiu do dia 17 de junho do Canadá e chegou ao País de Gales em 18 de junho, 20 horas e 40 minutos depois, não tendo feito escalas. Quando entrevistas ocorreram, Amelia demonstrou desapontamento, pois não pilotou o avião de fato. Usaram apenas seu nome como propaganda.

Apesar disso, a mídia americana fez grande sensacionalismo positivo sobre sua participação naquele voo transatlântico. Amelia foi chamada de primeira mulher a sobrevoar o Atlântico e foi comparada a Charles Lindbergh, sendo chamada de “Lady Lindy” ou “Lindy de saias”. Além disso, ela estrelou campanhas publicitárias e deu várias palestras sobre aviação. Ela depois se filiou a instituições de viação e ganhou espaço na aviação comercial. Voltou a palestrar e participar de eventos aeronáuticos e até ganhou condecorações e cargos. Em 1928 ficou noiva do engenheiro químico Samuel Chapman, mas meses depois desmancharam o noivado. Então Amelia começou a namorar George Pullman, seu agente de publicidade, que ela conheceu em 1928. Os dois se casaram em 1931, mas não tiveram filhos.

Em 20 de maio de 1932, Amelia Earhart partiu de Terra Nova no Canadá com destino a Paris na França, mas devido a ventos fortes, gelo e problemas mecânicos, teve que fazer um pouso de emergência na Irlanda do Norte, pousando numa fazenda. Seu tempo de voo foi de 14 horas e 56 minutos. Embora não tenha concluído o trajeto original, no entanto, ela conseguiu atravessar o oceano e dessa vez sozinha e pilotando seu próprio avião, um Lockhead Vega 5b vermelho. Sua façanha foi noticiada com grande empolgação pelos Estados Unidos e o Reino Unido. Amelia já era famosa naquele tempo e sua fama cresceu ainda mais.

Amelia Earhart ao lado de seu avião Lockhead Vega 5b, usado na travessia do Atlântico em 1932. Foto colorizada.

Nos anos seguintes ela seguiu dando palestras sobre aviação e direitos femininos, recebeu várias condecorações, quebrou outros recordes e fez voos de longa distância pelos Estados Unidos e México. Em 17 de março de 1937 ela partiu para dar a volta ao mundo, a primeira tentativa saiu de Oakland na Califórnia, mas foi cancelada em Honolulu no Havaí, devido a problemas técnicos. Amelia seguia acompanhada do copiloto Fred Noonan, de um mecânico Harry Manning e do empresário Paul Mantz. No entanto, uma segunda tentativa foi realizada em 2 de julho, em que apenas Amelia e Fred partiram na expedição de volta ao mundo, deixando Miami, seguindo para Fortaleza no Brasil, depois indo para a África e o sul da Ásia. Amelia Earhart e Fred Nooman morreram num acidente aéreo em 29 de julho enquanto sobrevoavam arquipélagos no Pacífico para fazer parada na ilha Howland. O avião e seus corpos nunca foram achados.

Referências

BRIAND, Paul. Daughter of the Sky. New York: Duell, Sloan, Pearce, 1960.

BUTLER, Susan. East to the Dawn: The Life of Amelia Earhart. Reading, MA: Addison-Wesley, 1997.

Leandro Vilar
Leandro Vilar

Sou historiador, professor, escritor, poeta e blogueiro. Membro do Museu Virtual Marítimo EXEA, membro do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE).

Artigos: 56
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