A Torre de Leandro

Apesar do nome a Torre de Leandro consiste num pequeno farol localizado numa ilha situada nas águas do estreito do Bósforo, próxima ao bairro Üsküdar, na cidade de Istambul, na Turquia. Sua construção é bastante antiga, remontando a pelo menos 408 a.C, na época que a cidade era uma colônia grega e chamava-se Bizâncio.

Apesar do nome a Torre de Leandro consiste num pequeno farol localizado numa ilha situada nas águas do estreito do Bósforo, próxima ao bairro Üsküdar, na cidade de Istambul, na Turquia. Sua construção é bastante antiga, remontando a pelo menos 408 a.C, na época que a cidade era uma colônia grega e chamava-se Bizâncio. Na ocasião, o general Alcíbiades mandou erigir um farol e posto de observação para monitorar aquelas águas por conta dos ataques dos persas.

Vista contemporânea da Torre de Leandro, em Istambul.
Vista contemporânea da Torre de Leandro, em Istambul.

Todavia, a estrutura da torre e da ilha foi sendo reformulada ao longo dos séculos, condição essa que no século XII, época que Bizâncio já era conhecida como Constantinopla há bastante tempo, tendo se tornada capital do Império Bizantino, a ilha foi fortificada por ordem do imperador Aleixo I Comneno. Permanecendo assim pelos séculos seguintes, quando sob o governo dos otomanos, os quais conquistaram a cidade em 1453. Em 1509 num forte terremoto que acometeu Istambul, a torre ruiu, tendo que ser reconstruída. Embora que em 1721 um incêndio também a atingiu, levando a nova reforma. Entre 1830 e 1837 a ilha foi usada como hospital de quarentena para as embarcações que chegavam ao porto da cidade.

Em 1988 a torre foi transformada num restaurante e cafeteria, tornando-se definitivamente uma atração turística. Desde então algumas pequenas reformas foram feitas pela manutenção do local. É possível pegar barcos para ir visitá-la.

A Torre de Leandro, Sanford Robson Grifford, 1895.

Entretanto, de onde vem o nome torre de Leandro?

Tal nome advém da mitologia grega da trágica e romântica história de Hero e Leandro. Segundo o mito havia um jovem e belo pescador chamado Leandro de Abidos, o qual vivia na costa sul do estreito, na época antiga conhecido como Helesponto, renomeado para Dardanelos. Por sua vez, do outro lado do estreito havia um templo dedicado a Afrodite, a deusa do amor, nesse templo viviam sacerdotisas, sendo uma delas Hero de Sestos. Em dado momento Hero e Leandro se conheceram pelas praias e se apaixonaram a primeira vista, passando a se encontrarem secretamente à noite. O mito diz que Leandro percorria o estreito de barco ou até mesmo a nado, indo de Abidos a Sestos para encontrar seu amor. Hero acendia uma tocha para guiá-lo pela escuridão.

Mas certa noite, uma tempestade mudou tudo isso, a tocha se apagou, Leandro perdeu-se e afogou-se. Hero encontrou o corpo do amante na praia, e tão inconsolada que ficou, subiu num promontório e se jogou para a morte. Segundo uma variação do mito, a ilha no Bósforo demarcaria a rota que Leandro usava para ir encontrar Hero, por conta disso, em algum momento da História, aquele farol foi nomeado de Torre de Leandro.

Hero e Leandro, Jean-Joseph Tailasson, 1798.

Porém, os turcos também chamam esse farol por outro nome, referindo-se a ele como Torre da Donzela (Kiz Kulesi) cuja lenda surgiu em época incerta durante o domínio otomano daquela cidade. Segundo a lenda, um sultão teve um sonho ominoso, no qual sua única filha morreria ao completar 15 ou 18 anos (a idade varia de acordo com a versão da lenda). Temendo pelo destino cruel, ele tentou evitá-lo, assim mandou construir a torre na ilha, e ali enviou sua filha. O sultão a visitava diariamente e mantinha servos e guardas de prontidão, de forma que nenhuma ameaça pudesse acometer sua amada filha, mas quando ela atingiu a idade especificada, uma cobra venenosa escondida num cesto de figos, a picou. Dessa forma, a profecia se cumpriu, e a torre ganhou seu nome na tradição turca.

Referências:

Maiden’s Tower | Homepage (kizkulesi.gov.tr)

The Maiden’s Tower, a mysterious emblem of Istanbul (barcelo.com)

Leandro Vilar
Leandro Vilar

Sou historiador, professor, escritor, poeta e blogueiro. Membro do Museu Virtual Marítimo EXEA, membro do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE).

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