Jolly Roger: a bandeira dos piratas

A famosa bandeira preta com um crânio e ossos cruzados, se tornou um ícone da pirataria na Idade Moderna, perfazendo o estereótipo dos piratas até hoje difundido, no entanto, essa bandeira não era normalmente usada e possuía diferentes formas.

Uma jolly roger encontrada no século XIX. A bandeira faz parte do acervo do Aland Maritime Museum.

Não se sabe quando as jolly roger surgiram, as mais antigas datam do século XVIII, o final da Era de Ouro da Pirataria no Atlântico, período que viveram alguns famosos piratas como Barba Negra, Capitão Kidd, Black Sam, Stede Bonet, Calico Jack, Benjamin Hornigold, Edward Low, Bartholomew Roberts, entre outros. Foi nesse período entre 1690 e 1720, que esses criminosos se destacaram, assim como, se difundiu as jolly roger como normalmente conhecemos.

A respeito do nome jolly roger já se cogitou que teria sido o nome de um pirata, mas a História não registra nenhum pirata notório com esse nome. Outra hipótese é que o termo seria uma corruptela de jouli rouge (vermelho bonito), pois algumas bandeiras de piratas eram vermelhas. Entretanto, os relatos mais antigos desse termo aparecem em fontes de língua inglesa como o livro Uma história geral dos piratas (1724) de Charles Johnson.

Atualmente os historiadores não possuem uma definição para esse termo, possivelmente seria algum tipo de gíria, cujo sentido se perdeu. Lembrando que entre marinheiros, trabalhadores portuários e piratas era comum o uso de gírias.

Jolly roger do capitão Edward Low.

Quanto aos símbolos usados nessas bandeiras não foram os piratas que inventaram o crânio com ossos cruzados, na verdade esse consiste num símbolo usado para motivos fúnebres desde o final da Antiguidade, condição essa que em algumas lápides, cemitérios e igrejas é possível encontrar esse símbolo, no entanto, não se sabe por qual motivo os piratas os adotaram, entretanto, ele passou a significar perigo e morte.

Mas como dito anteriormente, nem toda jolly roger seria preta e branca, algumas eram vermelhas e pretas ou vermelhas e brancas. Além disso, alguns piratas famosos tinham suas próprias jolly roger como Edward Low, o qual usava um esqueleto vermelho, Stede Bonet usaria um crânio com osso, coração e um punhal, a suposta bandeira do Barba Negra representava um demônio branco apontando uma lança para um coração vermelho.

Suposta jolly roger do capitão Barba Negra.

Não há certezas se tais bandeiras eram realmente usadas, pois são mencionadas em livros e jornais de pouca confiança. Além disso, sublinha-se que as diferentes variações serviam para identificar os capitães, como marca de sua identificação pessoal.

Entretanto, é preciso salientar que os piratas, diferente do que vemos em filmes, desenhos e jogos, não normalmente mantinham suas jolly roger estiradas, pois isso prejudicava passarem despercebidos. Sendo assim, eles a hasteavam quando queriam causar medo ou durante alguma abordagem. Além disso, há casos de piratas que optavam em usar bandeiras de países e companhias para se esconder das autoridades.

Referências

CORDINGLY, David. Under the Black Flag: the romance and reality of life among the pirates. . New York, Random House, 1997.

RICHARDS, Bill; SMITH, Peter. Onslow’s Jolly Roger. Signals. Australian National Maritime Museum, n. 77, p. 10–12, 2006.

Leandro Vilar
Leandro Vilar

Sou historiador, professor, escritor, poeta e blogueiro. Membro do Museu Virtual Marítimo EXEA, membro do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE).

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