“O império onde o Sol jamais se põe”
Extensão do Império Espanhol em princípios do século 17. Fonte: wikipedia
No início do século 17, a Espanha era o império mais rico e poderoso do planeta. O império “onde o Sol jamais se põe”, ia das Américas à Europa. Da África, às Filipinas, abrangendo vastas áreas do planeta. Destes vastos territórios, advinham riquezas que pareciam infinitas: gêneros agrícolas, metais e pedras preciosas, tecidos, especiarias, entre outros, lotavam os mercados da Europa. Entre os séculos 16 e 17, a Espanha acumulara tantos metais preciosos, que causara uma das primeiras grandes crises econômicas internacionais.
A conquista das Américas
E este tesouro em forma de Ouro e Prata vinha principalmente de suas colônias nas Américas Central e do Sul, a custo do sangue de centenas de milhares de nativos, outrora parte dos poderosos impérios Asteca e Inca, conquistados pelos espanhóis em princípios do século anterior. Para extrair, transportar e carregar toda esta riqueza para a Europa, era necessário um imenso esforço, empreendido principalmente por mão-de-obra escravizada indígena e africana.
O império sob ameaça
Manter este império imenso não era simples. A riqueza da Espanha abriu os olhos de outras nações, que questionavam seu domínio: a Inglaterra, a França e a Holanda. Para evitar que seus tesouros fossem roubados por outras nações, a Espanha tomou medidas, reforçando as defesas e principalmente, aumentando a proteção das frotas que levavam os tesouros para a Europa em comboios. Os navios mercantes eram protegidos por navios de guerra conhecidos como Galeões. Dentre os Galeões bem armados com peças de artilharia (principalmente canhões de bronze), haviam duas denominações: a “Almiranta” e a “Capitana“.
A primeira, era o navio mais bem protegido e armado da frota, e o segundo, o que liderava o comboio. Juntos, navegavam da Espanha no começo da primavera, indo até o mar do Caribe, onde se dispersavam para várias localidades para buscar os tesouros reais, entre as costas das atuais Venezuela e México. A chamada “Flota de Tierra Firme” era carregada em Portobello e Cartagena (Colômbia) com ouro e prata vindos do Peru, Equador, Venezuela e Colômbia. Da mesma forma, cobre era adicionado a este montante, adicionado em Havana (Cuba). De Trujillo no México, Anil era carregado nos porões dos navios.
Havana, em Cuba, era o principal ponto de encontro dos navios da frota espanhola, que geralmente ocorrida no mês de Julho, para daí, partirem para a Espanha. O ouro e a prata, por serem mais valiosos, eram carregados, por motivos de segurança, nos maiores e mais bem armados Galeões da frota. Ao mesmo tempo, os menores navios mercantes eram carregados com gêneros agrícolas (Açúcar, Tabaco, etc).
Porto de Havana em Cuba, no século XVII. Fonte: https://www.goodfreephotos.com/
O Navio
O galeão “Nuestra Señora de Atocha” foi construído nos estaleiros de Havana, em Cuba. Recebera este nome em homenagem a uma importante Catedral da Espanha dedicada à santa virgem de mesmo nome (a Espanha era um dos maiores países católicos do mundo). Somando-se à Fé, o navio era armado com mais de vinte canhões de bronze, caso fosse atacado. Ele, junto com o “Santa Margarita”, foram encarregados de levar um tesouro que, em valores atuais, estava estimado em pouco mais ou menos meio bilhão de dólares! O tesouro era tão grande, que demorou semanas para ser carregado nos portos. A Frota de 28 navios finalmente partiu de Havana para a Espanha no dia 4 de setembro de 1622. Infelizmente, para os espanhóis, os navios jamais chegariam a seu destino final.
Fontes
https://www.melfisher.com/library/atochamargstory.asp
https://en.wikipedia.org/wiki/Nuestra_Se%C3%B1ora_de_Atocha